sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Entre os seus dedos

Marco Larosa

O futebol é um esporte diferenciado, não só pelo espetáculo que proporciona aos seus torcedores como a divergência de opiniões que ele promove. Tudo isso por que a preferência nacional esportiva mexe com a emoção humana, mais do que qualquer outra modalidade seja coletiva ou individual. Leigos torcedores como profissionais da crônica esportiva, que também torcem, é claro, não escondem essa paixão futebolística.
O Flamengo iniciou o Campeonato Brasileiro vencendo e se manteve na frente por algumas rodadas. Seus torcedores e parte da crítica esportiva apontavam o rubro-negro como o time a ser batido. Em 2009 estaremos de volta a Taça Libertadores, agora como campeões do Brasil....coisas assim. Com a venda de seus principais (?) jogadores, segundo os jornalistas de Platão, como Souza, Marcinho e Renato Augusto, caiu de produção e despencou na tabela, permanecendo ali entre a sétima e oitava posições. Pronto, foi motivo de sobra para protestos com direito a bomba, ao estilo “Bin Laden”, e ouvir da mesma crônica que o “cavalo paraguaio” mancava na pista de grama do Hipódromo da Gávea, diria nosso turfista, Zarani.
O sinal de tempestade foi acionado na Gávea e seus dirigentes temendo dias sombrios e explosivos, iniciaram um processo de caça aos craques(?) com uma metodologia bem curiosa, a do conta-gotas, ou seja, um nome e uma possibilidade, mas nada de concreto. Pronto, foi o suficiente para gerar pautas jornalísticas e subir os picos de audiências, nas programações esportivas de rádio e Tv. Os jornais, não tão imediatos, procuravam se aprofundar nas notícias e dissecar o perfil do possível contratado do Mengão. Vagnes Love(?), Morales(?) e Felipe ancoravam a barca da Cantareira que aportaria no Rio. O tempo passou..., passou... e nada. A barca chegou, mas trazendo jogadores com nomes no diminutivo sem o mesmo glamour dos anteriores, mas até que resolveram a parada. O time voltou a vencer e convencer, inclusive fora de casa e o resultado está ai, disputando palmo a palmo com o outro carioca, o Botafogo, a quarta posição na tabela e a vaga no G4.
A torcida, bem voltou a sorrir e apoiar o time. A crônica anda meio desconfiada, afinal o Flamengo ainda não está com sua força máxima em campo. Os reforços foram regularizados agora e para colocar em “cheque” o poder de reação do Mengão, uma partida enjoada hoje contra o São Paulo, no Morumbi. Se o Flamengo vencer, e espero que vença, vai sem dúvida disputar a liderança da competição e se tornar campeão nacional. Caso contrário, vai disputar a Libertadores no ano que vem sim, mas vai ficar vendo mais um titulo passar em sua vida, ou melhor, entre os seus dedos.

Isso é Marketing Esportivo

Papo com o leitor
Marco Larosa

O que aconteceu com o Fluminense? Nada demais. Calma, torcedor. Existiu uma disputa e o Tricolor obteve a oportunidade, pela segunda vez, de tentar erguer a taça de campeão da Copa Libertadores, mas não foi feliz. Por quê pela segunda vez? Bem, na primeira, em Quito, a Liga Deportiva Universitária-LDU ganhou por 4 a 2. O Fluminense deu muita sorte, pois o time equatoriano resolveu garantir o resultado e reduziu o ritmo de jogo. Caso contrário, a vitória poderia ser de 6 a 2. Aí, a LDU jogaria no Maracanã com a faixa da campeão no peito, para mais de mil pessoas no maior e mais belo estádio do mundo.
A segunda chance existiu e o técnico Renato Gaúcho, na minha opinião, foi fundamental para que o estádio estivesse lotado, com mais de 80 mil pessoas. Motivou o jogo, com frases de efeito, afirmativas que para muitos parecia arrogância e prometeu o título. Caro torcedor e leitor onipotente, sei que é difícil, para muitos, conseguir desempenhar mais de uma função na vida e na profissão, então resta criticar quem sabe. O Renato foi um craque de bola, é um ótimo técnico, acima de tudo, sabe promover uma partida como ninguém. Isso é marketing.
O Renato é o técnico que todos os clubes gostariam de possuir em seus quadros. Ele sabe promover um jogo, motivar jogadores e torcedores. Afinal, foi 4 a 2 em Quito, logo, como motivar o torcedor para apoiar a equipe ao ponto de lotar o Maracanã? O Fluminense tinha chance de fazer os três gols necessários? Sim leitor, tanto que marcou todos na noite de quarta-feira, mas futebol é jogado por mais 11 do outro lado e esqueceram que a LDU tem ataque. Foi 3 a 1 e o time das Laranjeiras não conseguiu o resultado esperado.
Ah, sim. O Renato Gaúcho é o técnico ideal para as pretensões do patrocinador. Ele atrai para si a mídia, que esquece até dos jogadores. Ele veste a camisa do time até na beira do gramado, estampando assim a marca do patrocinador em todos os momentos que as lentes midiáticas estão focadas nele, como no chororó midiático n gramado do Maracanã ao final da partida contra o Boca Juniors da Argentina. No mundo globalizado, onde qualquer coisa pode se tornar um grande produto de consumo, não existe mais lugar para pessoas que não conseguem ser multifacetados, seja no jornalismo, na administração, na educação e por que não, no futebol. Isso é Marketing esportivo.

Será o apocalipse?

Os cariocas estão em ação no Campeonato Brasileiro buscando, nesse final de emana em busca de uma melhor posição na tabela. Dois brigam pela ponta da competição, Flamengo e Botafogo. Outros dois lutam, veja bem, lutam mesmo, para não cair para a segunda divisão do Brasileirão, Vasco e Fluminense.
Vamos supor que o campeonato termine nesse domingo. Imagine você leitor como será a segunda-feira? Eu diria de frustração. As quatro torcidas estarão mais uma vez com o grito de campeão sufocado na garganta, tendo que engoli-lo seco, goela a baixo. E para piorar, as torcidas do Fluzinho e Vasquinho (assim gritarão os rivais) amargando as gozações e a vergonha que os times do coração, de tantas glórias e conquistas, estarão proporcionando a cada um dos seus fieis seguidores.
Nós cariocas vamos assistir momentos de lágrimas e dor, por parte dos torcedores mais apaixonados. Revolta e indignação, por parte daqueles que ainda tem esperança em dias melhores na maior competição do país. Violência e depredações, por parte daqueles que se utilizam das torcidas organizadas para esconder todo o vandalismo e descontentamento com a sociedade que interagem. Dirigentes pedirão proteção policial. A oposição gritará: - Pega ladrãooo! Cadê o dinheiro do clube? Onde foi parar a verba do patrocinador? Muros pixados com palavras de ordem: Fora, fulano! Morra, beltrano! E os jogadores? Ouvirão seus nomes vinculados a outros, que não posso escrever aqui. Verão seus carros pixados e quebrados. Jogadores desvalorizados comercialmente e marcados porque não defenderam seus times com garra e suor no momento decisivo.
Sei que parte da cidade vai rir muito, farão piadas e vão se acabar de tanta gozação contra os tradicionais rivais, uma característica tão carioca quanto o arroz com feijão. Mas será uma segunda-feira trágica para o futebol do Rio de Janeiro.
Epa! Para com isso, ô Marco Nostradamus Larosa. Vira essa boca, ou melhor esse teclado para lá. Ta agourando o Fluminense e o Vasco?
Não, caro torcedor. Se tal fato acontecer, acredito que com a chegada do verão (do sol, da praia e da cerveja) tudo passe. Com os presentes de Papai Noel e com a festa de Momo, o grandioso carnaval, as magoas serão esquecidas e a alegria estará de volta aos rostos dos cariocas. O que me preocupa é que os dirigentes esportivos também sabem disso, ou melhor, contam com isso para ir empurrando com a barriga suas administrações caóticas, e com isso, o Campeonato Carioca pode se tornar um fiasco. Uma competição de dois times, sem investimentos e grandes jogadores, sem o glamourt que só o nosso campeonato possui. Uma competição de segunda.
Será o apocalipse?