No curso de pós-graduação em Gestão Educacional do Senac-Rio discutimos a questão do Valor agregado dos produtos ou serviços em comparação com o preço praticado. Afinal, o que as pessoas percebem, o status que uma "grif" educacional pode proporcionar ou o preço que posso pagar? O que é mais importante ou valorizado pela opinião pública em geral.
Um aluno, Jesus Carlos P. Gonzalez introduziu a seguinte questão no debate:"Aproveitando o momento, queria introduzir o comentário sobre uma bela "sacada" da agência McCann-Erikson, que em 1997 criou um conceito que foi utilizado no mundo inteiro, e que também chama à discussão na questão preço X valor: "Priceless - There are some things money can't buy. For everything else, there's MasterCard". No Brasil foi traduzido como "Existem coisas que o dinheiro não compra. Para todas as outras existe MasterCard".
Pergunto: Um jovem universitário pagaria mais, a título de status, para estudar em entidades tidas como VIP (sem merchandising Jesus)e situadas em bairros nobres, mesmo sabendo que em outras escolas academicamente equivalentes, porém com instalações mais precárias, e nem tanto na moda, disporia de recursos similares (ou até melhores) para seu aprendizado?
Revirando meus relatórios após cada aula inaugural e as pesquisas com formandos notei que com o passar do tempo, muito pouco foi modificado na percepção dos novos clientes e vou reproduzir o comentário de um aluno que reflete o pensamento de grande parte dos jovens recém chegados a universidade, que acompanho desde 1995: "Escolhi a instituição X porque o preço é bom, tem muitas gatinhas lindas e oferece atividades diversas a um custo menor que em academias na cidade".
Pensamento machista a parte, pois acredito que o feminino não é tão diferente assim. Alguns chegam por causa do preço e outros tantos objetivam conviver com gente bonita e encontrar um amor...., etc e tal. A qualidade do ensino vem sempre em posições intermediárias.
Nesta faixa de idade e classe social (B-, C e agora D) o aluno não possui nossa percepção em relação a empregabilidade, afinal são jovens e em busca de aventuras, sexo, amores, relacionamentos, festas e vida social intensa. Lembro que já fui assim, ainda bem...rsrsrs. Clientes emergentes da classe D entendem que o ensino superior lhes trará uma possibilidade real de cambiar de vida e sair das áreas pobres da cidade.
Bem, no outro lado da moeda, os alunos que atuam no 6º período em diate já pensam um pouco diferente, onde a empregabilidade passa a se tornar um objetivo real, mas não descartam a continuidade das festas, amores, gente bonita... Ai a qualidade do ensino e suas condições de oferta (50% da responsabilidade), além da força de vontade e comprometimento do aluno (outros 50%) podem fazer a diferença positivamente.
Entendo que se a família do cliente tiver condições de pagar uma "grif" acadêmica, sim, ela poderá ocorrer. Mas se depender dos alunos "normais", cronologicamente adequados a sua idade social, o status não deve fazer a diferença na hora da tomada de decisão, no caso da educação, é claro.
Bem é chegada a hora de voltar para sala de aula. Deixo alguns questionamentos:
É possível que uma instituição de ensino pode se tornar uma Ferrari da educação?
Podemos nos sentir diferenciados por que estudamos em uma escola de ponta?
Afinal, o que buscamos, status sazonal ou conhecimento?
Volto em breve para continuarmos as discussões.
Um bom dia para todos.