quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O Mestre e o Engenheiro

É o velho dilema, quem sabe mais na construção civil o Mestre de Obras ou o Engenheiro? E na gestão de uma escola ou universidade, quem é mais qualificado, o Professor Pedagogo ou o Gestor de carreira? A resposta parece obvia nos dois casos, mas não é. Vamos refletir.

O Engenheiro passou por um processo de capacitação conceitual acadêmico. O Mestre de Obras se capacitou nos canteiros da construção civil no formato ensaio e erro. O Engenheiro cursava a faculdade e o Mestre de Obras cresceu vendo seu pai trabalhar nos canteiros, por isso possui mais experiência no setor que o Engenheiro recém formado.

Com o passar do tempo, o Engenheiro se especializa em diversos cursos e mestrados, participa da construção de prédios e complexos arquitetônicos faraônicos - isso te lembra o atual momento Nacional? O Mestre de Obra se capacita em um cursos oferecido por entidades ou grupos da construção civil, objetivando manter aquecido o mercado de materiais de construção. Detalhe, não são todos que buscam capacitação por falta de oportunidade ou malandragem mesmo. A critica se aplica aos formados também.

E agora, quem é mais capacitado, o Mestre de Obras ou o Engenheiro?

Para o sucesso profissional, o Mestre de Obras e o Engenheiro não podem abrir mão da constante capacitação e do trabalho em equipe. O conhecimento dos dois somados é a chave do sucesso no setor. Um não vive sem o outro, podemos dizer assim: um pensa e o outro executa com maestria.

Utilizei o exemplo acima para mostrar que em educação não é diferente. Professores são colocados em cargos de coordenação ou direção, muitos até por merecimento e dedicação, mas não por capacidade gestora. Assim como o Mestre de Obras. Sua liderança em controlar os “peões” o conduz ao cargo. Existem outras formas não tão dignas, mas deixa para lá.

Os anos passam e os ensaios e erros consolidam um aprendizado provinciano do gestor temporário mas, importante para aquele momento da instituição. Se um fator externo provocar uma mudança no mercado educacional, nosso coordenador professor voltará a ensaiar e erra, mas pode ser tarde demais. São poucos os que buscam por cursos de gestão para uma capacitação real, visando uma longevidade no cargo gestor. São gestores que encontram seu ponto de conforto e não querem mais largar, achando que o que aprenderam até então é o suficiente. Não é!

Um gestor de carreira no mercado, capacitado, mestre ou doutor no que faz de melhor, não é um educador. Não conviveu com alunos e aprendeu a notar suas necessidades e anseios. Um gestor de carreira conduzirá a empresa escola mecanicamente, de forma fria e distante. Um gestor de carreira necessita de um professor, assim como o pedagógico necessita do administrativo, ou seja, em uma instituição de ensino o equilíbrio é fundamental.

Não basta ser um bom líder, possuir um pouco de intuição e coragem para se tornar um coordenador de curso ou gestor macro. Ainda carece de algumas habilidades básicas e conhecimento reciclável.

Qual é o melhor afinal? Os dois.

Melhor ainda será o dia que o professor se tornar um gestor e a soma das habilidades o tornará um Gestor Educacional competente e eficaz. Assim como nosso Mestre de Obras, que pode cursar Engenharia Civil, somar suas habilidades e se tornar um profissional imbatível. Sei que assim parece fácil, mas é a pura realidade. As pessoas é que criam barreiras e desculpas para justificar os fracassos.

Vamos entender que escola é sim coisa séria, como também uma construção. Em ambos os casos necessitamos dos melhores profissionais. Não entendam de forma errada que escola não e um negócio. É sim, mas não devemos trata-la como um balcão de varejo sem critérios, afetividade e relacionamento com os parceiros, clientes e alunos. Escola é um serviço educacional onde as pessoas a contratam e depositam seus sonhos, como uma caderneta de poupança da futura formação profissional e social.

A escola mexe com vidas humanas, por isso tem que ser séria e de credibilidade.