terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Cada vez mais ausente, apesar de presente.

Manter-se imperceptível é uma arte, onde algumas pessoas possuem a capacidade de passar desapercebido, simplesmente por opção própria. Onde nasce esse comportamento? Não é muito difícil de descobri. Os indivíduos são tolhidos de sua capacidade criativa, de se expressar e de ser elas mesmas por pessoas que se incomodam com tal forma de ser. Munidos da repressão, acabam punindo o indivíduo tornando-o uma pessoa reservada, introvertida e que participa muito pouco de uma coletividade.

Esse processo pode ser iniciado em casa ou na escola. Focado no meio acadêmico, utilizo a sala de aula como exemplo, onde aquele aluno hiper-ativo ou bem participativo é reprimido pela professora despreparada, lá da educação infantil. As conseqüências serão profundas no futuro. Aquele aluno que sempre levantava o dedo para perguntar e a professora, já de saco cheio de tantas respostas e de forma repressiva, tornava essa ação participativa em constrangimento. Em vez de explicar o que é certo ou errado, tornava essa participação em motivo de risos dos colegas. Com o passar do tempo, esse educando reprimindo, reduz sua participação, coagida pela chacota de professores despreparados e colegas, que para esconder suas deficiências marcam o companheiro de classe, tornando-o símbolo de ignorância. Bem, ignorantes não são os alunos e sim os professores, que por despreparo ou preguiça pedagógica, rotulam alguns alunos em nome do bom andamento da “aula simplista”.

Com o passar das séries até chegar ao mercado de trabalho esse personagem se torna um prisioneiro do seu próprio silêncio. A cada pergunta de um professor ou um pedido para que expresse suas necessidades na empresa, ele teme em responder. Por que? Insegurança, medo de se tornar motivo de risos, não confia em seu talento, .... e por ai vai.

A “psique” que não foi trabalhada na educação infantil se agrava com a falta de comunicação durante o processo de formação. Os ruídos são inevitáveis. A cada professor, uma nova linguagem deve ser percebida, mas nosso prisioneiro do silêncio encontra dificuldades e ai entra em cena um outro personagem, o professor interlocutor. Aquele que vai moderar o diálogo e tornar a comunicação horizontal, ou seja, onde todos os participantes entendem o tema e discutem seus prós e contras.

Existe esperança para nosso personagem? Sim, o problema pode ser resolvido em dois momentos. O primeiro, mais simples de solução, a capacitação de docentes, que atuam em creches e educação infantil, posteriormente com a educação continuada, professores de ensino médio e superior. Cursos de qualificação e pós-graduação podem modificar esse quadro, formando professores (tutores, moderadores, multiplicadores.....) preparados para lidar com crianças cada vez mais estimuladas e com alto grau de percepção. O segundo momento, o mais difícil na minha opinião, os próprios docentes que devem admitir as suas deficiências e buscar equacioná-las. Domar a resistência ao novo e conscientizar de que o aprendizado será eterno enquanto docentes. Esse é o grande desafio do momento.

Nesse sentido a EAD pode diminuir um pouco essa distância e o fato de existir uma relação interpessoal (tutor e aluno), o educando pode se soltar um pouco mais e mostrar suas dificuldades. Podemos comparar ao confessionário das igrejas, muito utilizado no passado, onde o indivíduo conseguia expor seus motivos diante de outra pessoa, mas sem ver seu rosto. Acreditando que através da penumbra sua identidade estaria preservada. No ensino a distância funciona, em alguns casos, da mesma forma. O educando utiliza a ferramenta sem se identificar fisicamente. Quantos alunos não disponibilizam suas fotos?

Nosso prisioneiro do silêncio continuará se escondendo, seja no ensino presencial ou a distância. Professores e tutores sabem de sua existência, mas procuram lecionar burocraticamente, ou seja, sabem que o problema existe mais a aula não pode parar. Isso demanda tempo, trabalho de motivar, ter uma atenção especial para reverter o quadro. Ufa, quanto trabalho. Eu não ganho para isso. Assim, a aula segue e nosso prisioneiro, cada vez mais ausente, apesar de presente.

MLarosa

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Toda unanimidade é burra


Educadores em desespero acadêmico discutem sobre o melhor ensino, a melhor ferramenta e o melhor modelo educacional para o sujeito que aprende. Uma das correntes acredita que o ensino a distância – EAD, é o melhor e mais eficiente modelo de educação de vanguarda. Do outro lado, o melhor ensino é o tradicional trio – professor, giz e sala de aula. Frases clássicas como, “... com essa vida atribulada, de tantos afazeres, aulas on line facilitam nossas vidas”. Ou, ”aluno só aprende na escola, na presença do professor, assim ele pode prestar a atenção e render melhor”, ecoam aos sete cantos acadêmicos e transcendem para além dos muros da tradicional escola. Quem tem razão?

Ambos estão certos e errados ao mesmo tempo. Como isso é possível? Calma, existe um fundo de verdade em cada visão pedagógica. O formato presencial e o modelo a distância estão vivendo um momento de fusão, ou seja, velhas práticas com uma nova roupagem, bem futurista. Concordo que o caminho da transição passa por essa pratica natural, onde professores, educadores e coordenadores continuam “mantendo âncora fincada em mares do passado”, plagiando um amigo o professor Luís André em seu texto “O Novo Assusta”, e diria que atualmente se mantém a mesma âncora nas águas turbulentas da modernidade.

Os dois formatos ainda devem coexistir e dialeticamente as questões educacionais devem ser ampliadas para a sociedade organizada (empresas, instituições classistas, mercados emergentes e até os saturados) que junto aos acadêmicos possam de fato e de direito, formatar uma proposta viável de ensino no melhor formato que atenda as necessidades mais emergentes da sociedade brasileira. Lembrem-se, o Brasil não é o sudeste avançado e rico. Não podemos impor às diferentes sociedades o melhor modelo. Nós educadores devemos desenvolver os modelos existentes, tornando-os mais eficientes e atuais. Assim, a sociedade poderá exercer o poder de escolha, pelo formato educacional que melhor a atenda.

Devemos evoluir, sem esquecer do passado. Se existe um modelo educacional ultrapassado é porque faltou um olhar por cima dos ombros e entender que não se pode deixá-lo para traz. Vamos desenvolvê-lo e torná-lo útil, enquanto buscamos novos modelos para aumentarmos o leque de possibilidades de ensino que atendam aos diferentes gostos e necessidades.

Preocupo-me quando escuto pelos sete cantos acadêmicos, “alardeadores do apocalipse” se degladiando verbalmente tentando impor o que é melhor em detrimento a outras formas de ensino existentes.

Não sei o caminho para o sucesso, mas sei qual a rota para o fracasso, é achar que determinada pessoa ou modelo é unânime.

MLarosa.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Evoluir a cada interatividade



O sujeito que aprende passa por processos de evolução, de acordo com os avanços tecnológicos e sociais ditados por um contexto global. Nós professores detentores do saber, devemos acompanhar essa evolução, mantendo viva a pratica de ensino e aprendizagem, com uma nova roupagem é claro, mais igualmente importante.

Educação continuada e facilitada, por uma tecnologia que possibilita unir alunos em qualquer ponto do País, elimina as diferenças sociais e a desigualdade profissional. Assim, todos podem possuir o acesso ao conteúdo de forma simples e eficiente. É claro que existe a pendência de estrutura básica na região e forma de acesso a ferramenta on line, para que esse processo se concretize.

Como profissional de comunicação, acompanho a evolução dos meios de comunicação e suas possibilidades de formação de opinião e entretenimento. Como ferramenta educativa, o sujeito que aprende ganha um facilitador, um instrumento que viabiliza seus sonhos e necessidades emergentes. A interatividade nos aproxima, trocamos experiências, nos informamos, nos banhamos em diferentes culturas e aprendemos uns com os outros. Isso é ensino e aprendizagem também.

A questão da comunicabilidade, domínio tecnológico, o conhecimento, a pratica profissional e o processo evolutivo acelerado que a profissão de jornalista cobra, facilita o contato interativo do tutor-aluno na modalidade de ensino a distância - EAD. Neste momento evolui, de professor para tutor.

Sei que o Brasil é imenso, com diferentes necessidades emergentes, seja ela mercadológica ou social, e um tutor de EAD, por mais experiência que possua encontra dificuldades em entender quais as reais necessidades de cada aluno em distantes cidades brasileiras. Não é uma tarefa fácil. Nem sempre a solução que se aplica, até com sucesso no sudeste, é a melhor solução para um cidadão do sul do Pará, como a cidade de Xinguara, com um problema gerencial na instituição de ensino que trabalha.

Como superar esse obstáculo sócio-cultural? Construir. Juntos, tutor e educando podem entender o problema, analisar os fatores, propor uma base de ação lógica e uma solução viável, pelo menos na teoria. O conteúdo de EAD deve ser claro, objetivo e explicativo. Assim o aluno poderá compreender a proposta e adaptá-la há sua realidade. O que fica evidente nas respostas de cada atividade.

Cabe ao tutor conhecer um pouco dessa realidade, aquela do cidadão de Xinguara, e perceber que a solução proposta por ele, pode não ser aquela que imagina-se ser a ideal, mas sem dúvida pode ser a resposta para a necessidade do educando.

Nós tutores, não somos os donos da verdade, evoluímos e aprendemos a cada atividade, e por que não dizer, a cada interatividade.

MLarosa.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Driblando as diversidades

Não basta ter força de vontade. É necessário talento!

Contrariando as diversas publicações sobre auto-ajuda ou auto-estima, onde o foco principal é a “sua” força de vontade como agente motivador e de superação, a vida nos contempla com uma dura realidade. Se o indivíduo não estiver capacitado a força de vontade não será suficiente.

Aquela força que ocupa nosso interior representa 40% do caminho que será percorrido em busca do sucesso. Bem, vamos somar mais alguns ingredientes para chegar ao resultado final, que podemos chamar de competência. Além da vontade é preciso ter o “tal” do talento e o segundo, que considero o mais importante fator, o “tal” do conhecimento, esse mesmo, que muito gente boa não leva a sério quando tem a oportunidade de estudar. O terceiro elemento é a sorte, de estar no lugar certo, na hora certa e com o devido conhecimento para atender as necessidades emergentes da empresa ou instituição.

Querem um exemplo bem popular, o futebol. O então poderoso time do Corinthians paulista, recém rebaixado para a segunda divisão. Jogadores esforçados e motivados, que correram muito em todas as partidas, se dedicando e suando a camisa, buscaram o tempo todo a superação, mas... faltou talento. Em dados momentos nas partidas, desconhecimento das regras do futebol, que causaram constantes desfalques ou o gesto do valoroso Finazzi mostrando a torcida que o Timão estava sendo roubado. Esse mesmo gesto ocorreu na partida contra o Flamengo, no Maracanã, que as câmeras de Tv transmitiram para todo o Brasil. Deu sorte Finazzi, o gancho poderia ser antecipado. O resultado, desfalque nas partidas finais do Brasileirão 2007.

Os jogadores erraram em fundamentos básicos como passe, colocação em campo entre outros. Dos onze jogadores, somente o goleiro Felipe demonstrou talento, conhecimento e sorte, como no pênalti defendido no jogo contra o Goiás, cobrado pelo Paulo Bayer, que amenizou a agonia do rebaixamento, naquele momento. Um time de esforçados não resolveu o problema e a segunda divisão do campeonato brasileiro se tornou uma realidade.

Diploma de notória universidade não garante sucesso profissional, assim como a camisa não ganha jogo ou campeonato, e a do Corinthians é a segunda maior do país. Aqueles que buscam a qualificação devem se dedicar, estudar e ter talento para ser um bom advogado, jornalista entre outros. Acrescento ainda o professor, esse sujeito que ensina, precisa de grande conhecimento, excelente formação e muito, muito talento para driblar as diversidades que encontramos nas condições de oferta de ensino disponibilizadas pelas instituições de ensino, sejam elas particulares ou governamentais.

Haja talento.....