Esse processo pode ser iniciado em casa ou na escola. Focado no meio acadêmico, utilizo a sala de aula como exemplo, onde aquele aluno hiper-ativo ou bem participativo é reprimido pela professora despreparada, lá da educação infantil. As conseqüências serão profundas no futuro. Aquele aluno que sempre levantava o dedo para perguntar e a professora, já de saco cheio de tantas respostas e de forma repressiva, tornava essa ação participativa em constrangimento. Em vez de explicar o que é certo ou errado, tornava essa participação em motivo de risos dos colegas. Com o passar do tempo, esse educando reprimindo, reduz sua participação, coagida pela chacota de professores despreparados e colegas, que para esconder suas deficiências marcam o companheiro de classe, tornando-o símbolo de ignorância. Bem, ignorantes não são os alunos e sim os professores, que por despreparo ou preguiça pedagógica, rotulam alguns alunos em nome do bom andamento da “aula simplista”.
Com o passar das séries até chegar ao mercado de trabalho esse personagem se torna um prisioneiro do seu próprio silêncio. A cada pergunta de um professor ou um pedido para que expresse suas necessidades na empresa, ele teme em responder. Por que? Insegurança, medo de se tornar motivo de risos, não confia em seu talento, .... e por ai vai.
A “psique” que não foi trabalhada na educação infantil se agrava com a falta de comunicação durante o processo de formação. Os ruídos são inevitáveis. A cada professor, uma nova linguagem deve ser percebida, mas nosso prisioneiro do silêncio encontra dificuldades e ai entra em cena um outro personagem, o professor interlocutor. Aquele que vai moderar o diálogo e tornar a comunicação horizontal, ou seja, onde todos os participantes entendem o tema e discutem seus prós e contras.
Existe esperança para nosso personagem? Sim, o problema pode ser resolvido em dois momentos. O primeiro, mais simples de solução, a capacitação de docentes, que atuam em creches e educação infantil, posteriormente com a educação continuada, professores de ensino médio e superior. Cursos de qualificação e pós-graduação podem modificar esse quadro, formando professores (tutores, moderadores, multiplicadores.....) preparados para lidar com crianças cada vez mais estimuladas e com alto grau de percepção. O segundo momento, o mais difícil na minha opinião, os próprios docentes que devem admitir as suas deficiências e buscar equacioná-las. Domar a resistência ao novo e conscientizar de que o aprendizado será eterno enquanto docentes. Esse é o grande desafio do momento.
Nesse sentido a EAD pode diminuir um pouco essa distância e o fato de existir uma relação interpessoal (tutor e aluno), o educando pode se soltar um pouco mais e mostrar suas dificuldades. Podemos comparar ao confessionário das igrejas, muito utilizado no passado, onde o indivíduo conseguia expor seus motivos diante de outra pessoa, mas sem ver seu rosto. Acreditando que através da penumbra sua identidade estaria preservada. No ensino a distância funciona, em alguns casos, da mesma forma. O educando utiliza a ferramenta sem se identificar fisicamente. Quantos alunos não disponibilizam suas fotos?
Nosso prisioneiro do silêncio continuará se escondendo, seja no ensino presencial ou a distância. Professores e tutores sabem de sua existência, mas procuram lecionar burocraticamente, ou seja, sabem que o problema existe mais a aula não pode parar. Isso demanda tempo, trabalho de motivar, ter uma atenção especial para reverter o quadro. Ufa, quanto trabalho. Eu não ganho para isso. Assim, a aula segue e nosso prisioneiro, cada vez mais ausente, apesar de presente.
MLarosa
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